segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

querido pai.....

mais uma vez não te importas-te de estragar tudo, mais uma vez só quiseste saber apenas de ti e nunca em mais ninguém.
nunca esperei muito de ti, não era agora que o ia fazer, porque apesar de ainda só ter 14 anos já percebi há muito tempo que as pessoas não mudam, e tu nunca irás mudar, sempre soube mas fingia que não, que eras igualzinho aos avós, sem sentimentos positivos para comigo, sem respeito nenhum por mais ninguém apenas por vocês, e desde de sedo que já me habituei a ser o patinho feio para o lado da tua família, mas se queres que te diga jé nem me importo com essa falta de ética que todos vocês têm, e com essa insistência em tentar deitar-me a baixo, porque qualquer coisa que eu faça nunca está bem: as minhas notas são sempre máximas mas há sempre qualquer coisa que falha, se ponho a mesa decidem ir jantar fora, se arrumo a loiça arranjas sempre maneira de criticar ou porque um garfo está no lugar das facas ou porque o copo deveria estar um milimetro mais para a direita, se limpo o quarto o tapete nunca fica bem sacudido mas quando o peço para o sacudires respondes-me: «- isto é tão fácil inês, basta agitares 5 vezes fora da janela» mas como já tou a espera tu nem te lembaras que nem força tenho para o meu corpo quanto mais para sacudir um tapete de 5254145 kg, mas como já disse isto já nem me afeta.
mesmo assim, mesmo da maneira como vocês me tratam eu ainda consigo me preocupar com vocês, e tu sabes que desde de que a avó teve cancro que eu nunca mais consegui sorrir no natal, porque naquele ano em que tudo me tinha corrido mal o cancro da avó foi a pior coisa, foi o pior presente de natal, sim, a avó que sempre me tratou mal e que todas as noites reclamava comigo porque ficava com bigodes quando bebia o leite da noite, ou que se zangava porque sujava a roupa quando estava a comer, sim, mesmo sendo avó que me tratou sempre mal, que sempre foi arrogante comigo, eu fui a ÚNICA na família, tirando o avô que é maluco por ela, a ÚNICA que chorou por ela, que pedia a mãe para ir todos os dias a ver à clinica, fui a ÚNICA que ficou sentada no sofá na sala de espera porque a avó estava a ser operada enquanto todos vocês foram para o café porque já não conseguiam estar ali sem café, fui a ÚNICA que levou algo a avó para que ela sorrisse, e ainda hoje eu sou a ÚNICA que não esqueci por aquilo que ela passou, porque até ela parece já ter esquecido que quase morreu. e desde desse  maldito cancro tu e toda a gente sabe que nunca mais festejei o natal, desde desse natal que eu esqueci todo aquilo que a avó sempre me disse para me magoar, e tentei ficar bem com todos vocês, e com os avós melhorei muito a vossa relação. mas tu ....
sempre tu, a estragares tudo, parece que desde daquela altura que ainda te tornas-te mais frio comigo, sinceramente nem pareces meu pai, mas também não quero, porque mereço bem melhor. não percebo onde errei, até aos 12 anos, quer fosse natal, ou os teus anos, ou o dia do pai, qualquer coisa que fosse, eu fazia tudo para te dar um presente, fazia tudo para te agradar, mas tu nunca deste valor, depois dos 12 fui-me apercebendo que já era grandinha para fazer os presentes e comecei a compra-los mas porra era com o mesmo amor que o fazia, nas discussões que tens com a mãe eu defendo-te sempre, mesmo sabendo que não tens razão, mas sei lá é uma tentativa - da minha parte, sim porque da tua nunca houve nenhuma - de nos aproximarmo-nos mas é escusado, porque quanto mais faço por ti menos valor me dás.
mas hoje foi a gota de água.
hoje pela primeira vez tentei festejar um natal depois do cancro da avó, ignorei as tuas bocas a noite inteira, aquilo que nos outros anos não fazia e desatava a discutir contigo, deixei aquela cara de martírio e pus um sorriso na cara, pela primeira vez nos últimos 3 anos fui eu que pedi para abrir as prendas antes do tempo, tentei me integrar no vosso espirito natalício, não fiz birrinha para comer, e senti as vezes e por alguns minutos que estava a voltar a gostar um pouco do natal, mas mais uma vez tu tinhas que estragar tudo ....
as bocas eram constantes, os olhares que tu pensavas que eram discretos mas que eu sentia que tu mandavas só para descobrires uma falhar para me a atirares à cara e eu fui enchendo, e enchendo e quando finalmente toda a gente foi embora eu explodi.....
sei que já tavas mal humorado porque os avó, sim as pessoas que tu achas que são perfeitas e blá blá blá, não quiseram vir passar o natal cá em lisboa e no fim ainda te atiraram coisas a cara e discutiram por telemóvel, sim sei que exageraste um bocado no conhaque, mas porra para quê que foste falar mal com a mãe ?! desculpa mas desta vez estava tao farta de ti, tão farta das tuas atitudes de menino mimado de 10 anos, que defendi a mãe, porque desta vez ela tinha mesmo razão, mas no fim e como já é habitual a culpada de tudo sou sempre eu, e hoje disseste-me coisas que não se dizem a ninguém muito menos a uma filha, mas sinceramente acho que nunca me viste como tal, hoje fizeste-me sentir tanta raiva de ti que fui capaz de te dizer na cara tudo aquilo que sinto em relação a ti e aos avós, fui capaz de despejar tudo o que tinha guardado desde que me lembro de existir, mas o pior de tudo é que hoje pai, fizeste-me sentir ódio de ti, e acho que de pai tu já não tens nada.

Sem comentários:

Enviar um comentário