Era só mais uma bela menina. Talvez não tão linda, mas sua beleza interior era contagiante. De longe, parecia apenas uma simples rapariga, alegre, agitada. Mas no fundo, só ela sabia a sua tristeza. Aquela tristeza que ela omitia de todos, aquela decepção de encarar a realidade. Aquelas lágrimas que só ela, e a sua almofada sabiam como eram ruins. Aquela rapariga que mesmo recebendo milhões de notícias más apenas num só dia, tentava esconder sua tristeza . Bom, particularmente, acho que esperança de um dia poder ainda vir a ser feliz era o único motivo de ainda estar viva. Ela sabia muito bem esconder seus sentimentos, angústias, etc. Aliás, o único sentimento que ela demonstrava era felicidade. Infelizmente, era uma felicidade falsa… Era como um escudo. Ela fingia estar bem mesmo com todos os problemas e dizia “o meu sorriso supera tudo”. mas essa frase era esquecida a partir do momento em que ela deitava a cabeça na almofada e desabava. Problemas financeiros, pais a discutirem a toda a hora, amigos falsos, uma paixão não correspondida… Ela vivia a fingir que superava tudo isso. Olhava para o teto e via todos esses obstáculos de vida a juntarem. Contar a alguém e pedir ajuda, procurar uma psicóloga ou se matar de uma vez? Tão cansada de tudo, tão decepcionada e tão frustrada, ela decidiu aprofundar a ideia da terceira opção. Começaram com cortes. o seu pulso não era já um pulso, as suas pernas e coxas viviam cobertas por umas calças, mesmo no verão para esconder os cortes, arranhões, etc. Sem deixar nenhuma pista ou um rastro, ela continuou sorrindo, fingindo estar bem feliz e continuou a divertir-se com os amigos na escola… Porém, ninguém sabia que ela chegava em casa e fazia planos para morrer. Ninguém sabia que as lâminas dela estavam a ser usadas para o que não devia tão frequentemente … Até que uma manhã fria e nublada, os pais da menina abriram a porta do seu quarto, e viram lamina em volta da cama da menina e reparam que ela não estava a respirar Tentam acreditar que é só uma brincadeira, agitam-na, fazem os primeiros socorros… Não havia mais volta a dar. A família inteira chorava e sentia-se culpada. E a notícia corria… Alguns dias depois, os pais foram cancelar a matrícula na escola, e trazer tudo aquilo que lhe pertencia A notícia corria pela escola inteira.E sabes aquele rapaz que chutava a mala dela de propósito para irritá-la? E recordas-te daquela professora que lhe dava vários raspanetes por ela se esquecer do material, não fazer os tpc's e etc? Lembras-te daqueles rapazes e raparigas que a gozavam quando ela passava pelo corredor? Lembras-te daquele menino que a humilhou e a fez sofrer por muito tempo? É, todos eles ainda se culpam: as lágrimas caem, o arrependimento é abundante a preocupação só aumenta e todos eles pensam: “Porquê que ela fez isso? Será que eu sou um dos motivos de tudo isso?”… A dúvida e o medo passam pela cabeça de todos. Aquela menina que as vezes se irritava com ela e a maltratava, preocupou-se. Sentiu-se arrependida por não perceber o sofrimento dela. Os dias passam, a notícia do suicídio dela vai ficando para trás. Será que valeu a pena fazer essa asneira Será que ir pro céu e deixar tanta gente revoltada, triste, preocupada, valeu a pena? É óbvio que não. Ela apenas perdeu a oportunidade de se tornar mais forte, mais corajosa. Perdeu a oportunidade de ultrapassar esses obstáculos. Perdeu a oportunidade de se orgulhar de dizer: “eu superei aquela fase”. É, perdeu… E agora está no céu. Será que lá de longe ela está feliz? Será que ela se arrependeu? Será que ela se sentiu aliviada? É… Só resta a dúvida do pensamento.
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