ai mãe, és tu quem me conhece melhor, mas por vezes pareço ser uma estranha para ti, eu sei.
vem, vem ouvir a minha cabeça, e entender o que quero e como penso, sei que vai doer algumas coisas, mas como tu própria disseste magoa-te muito mais este meu comportamento, que tu consideras abstrato, que tu não reconheces e não queres conhecer.
vem, vem passar a tua mão na minha cabeça, como fazias quando ainda só te chegava à anca, lembras-te? nessa altura as minhas decisões passavam apenas por escolher a cor da plasticina com que ia brincar.
vem, e esquece este meu mau génio, este génio que me leva a fazer coisas sem sentido, coisas que me levam a tratar-te mal, a tratar mal a pessoa que mais amo.
podes vir, podes vir sentar-te no sofá grande comigo, taparmo-nos com o cobertor roxo e rosa, e falar do nosso dia, porque eu não me vou fartar da tua voz nem da tua gargalhada. vem, vem porque eu preciso de desabafar contigo e sentir o teu reconforto, os teus mimos, e tudo o resto.
vem, vamos as duas para a cozinha, tu fazes o jantar e eu atrapalho ao tentar te ajudar, vem, vamos as duas às compras, tu metes o que a casa precisa e eu meto as gomas, os chocolates, os sumos, as pastilhas, e tu nem me dizes nada, porque sabes que para mim é uma necessidade, vem, vamos po shopping, eu prometo que não compro mais nada, só mais umas coisinhas. vem, vamos as duas ao cafe comer suspiros depois do jantar. vem, vem ver-me sorrir e sorri comigo, porque tens o sorriso mais lindo que alguma vez vi. vem, sem reclamar comigo quando eu faço porcaria, e tu sabes que eu vou reclamar também, mas vem a mesma. vem, vem mãe, vem ter comigo agora, porque eu preciso de ti em todo o lado, preciso de ti quando tenho momentos de fraqueza na escola, preciso de ti para tudo, porque só tu sabes como lidar comigo.
vem, mas por favor nunca vás mãe, porque não sei como viver sem ti.
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